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Controle do carrapato - Sucesso na pecuária


O Ripicephalus ou Boophilus microplus, um ectoparasita conhecido popularmente como carrapato bovino, é um problema que acomete a pecuária leiteira e de corte no Rio Grande do Sul, causando prejuízos de até 3,24 bilhões de dólares anuais. A sua ação pode ser direta, causando problemas como anemia, coceiras, perda de peso, consequentemente, queda na produção de leite e carne, desvalorização do couro e miíases (popularmente conhecida como bicheira) ou então de maneira indireta, atua como vetor de algumas doenças, como a Tristeza Parasitária Bovina (TPB). Desta maneira, seu controle irá gerar gastos com medicamentos, mão de obra e se não houver controle, óbito dos animais.

É um dos parasitos que causam as maiores perdas econômicas no mundo, tratando-se de pecuária de corte. A população do Boophilus microplus depende de diversos fatores, sendo especialmente o clima e microclima que são as características que possibilitam a instalação desse ectoparasita no ambiente, como por exemplo podemos destacar o Uruguai que em suas zonas mais frias não possuem incidência de carrapato, pois o inverno rigoroso tem ação diretamente sobre a sua permanência no ambiente. Ainda pode ser associado a raça dos bovinos, técnicas de manejo, tipo de vegetação, presença de inimigos naturais e a utilização dos produtos carrapaticidas.

A Fundação de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Sul (FEPAGRO), realizou uma pesquisa em 2012, utilizando dois grupos de bovinos, sendo um livre de carrapato e outro carrapateado, onde se apontou que ao longo de 26 semanas de pastejo em campo nativo, o primeiro grupo ganhou cerca de 110 quilos de peso vivo por cabeça e o segundo lote não passou de 70 quilos por cabeça. Desta maneira, é de suma importância o controle do carrapato, tendo em vista que causa grandes prejuízos na produção. Na pecuária leiteira, o problema também causa diversos prejuízos. Segundo Grisi et al. (2014), às infestações por carrapatos causam queda na produção de leite, podendo reduzir em até 90 litros de leite em 300 dias de lactação de uma vaca.


Este pequeno artrópode tem características bastante interessantes, como o ciclo de vida direto, ou seja, não precisa de um hospedeiro intermediário para parasitar um bovino. Ele sobe no animal quando o mesmo entra em contato com uma touceira infestada, e após subir no animal, tem um ciclo chamado monóxeno. Isso significa que o carrapato precisa de apenas um hospedeiro para completar seu ciclo, então após subir no animal ele só desce após a sua morte, com exceção da fêmea que pode cair naturalmente para fazer ovipostura. Além disso, seu hábito alimentar é a hematofagia, ou seja, se alimenta de sangue (Taylor et al., 2010).

O ciclo do carrapato é relativamente simples e pode ser dividido em duas fases: fase de vida livre, que é o período em que a larva está na pastagem; e fase de vida parasitária, que é o período que se inicia quando a larva sobe no animal e se desenvolve em ninfa e posteriormente adulto. A duração do ciclo pode variar de 14 a 21 dias, e isso varia conforme as condições climáticas. Ao longo do ano os ciclos se repetem com maior intensidade e melhor adaptação no período quente e úmido e são mais espaçados quando o clima está frio e seco. Cada período entre a ocorrência dos ciclos é chamada de geração parasitária. Uma curiosidade é que na fase de vida livre ele é chamado popularmente como micuim.

Entre os bovinos estão as raças zebuínas (indianas) e taurinas (europeias), as zebuínas conferem maior resistência ao carrapato do que as taurinas. Sendo, inclusive, o sangue zebuíno utilizado como cruzamento, mesmo que em pequena proporção, com as raças europeias utilizadas aqui no Rio Grande do Sul.

Salienta-se que os terneiros com 1 a 8 meses de idade possuem uma resistência a carrapatos elevada, passando a ser sensíveis durante a puberdade aos 8 a 12 meses, sendo esse um indicador da importância de vacinar contra a tristeza, doença de grande importância econômica no estado devido a perda de animais. É ideal vacinar esses animais antes mesmo de eles terem contato com o carrapato, para que assim já possuam uma resposta imunológica quando em contato com o mesmo.


A população de carrapatos no campo está distribuída normalmente em torno de 95% dos carrapatos estão no pasto na forma de vida livre e apenas 5% se encontra na forma parasitária nos bovinos. Desse modo o controle químico, através do uso de carrapaticidas, atinge apenas esses 5% que estão parasitando, sendo uma solução a curto prazo, visto que as reinfestações serão contínuas e o problema persiste, inclusive aumentado em muitos casos e contribuindo para a resistência e adaptação ao carrapaticida.

A vegetação tem uma grande influência e importância no ciclo de vida livre do carrapato uma vez que garante abrigo as teleóginas (carrapato graúdo), que são as responsáveis por colocarem os ovos no pasto para continuidade do ciclo, garantindo por consequência abrigo para os ovos e larvas, protegendo-os da incidência solar direta e garantindo a temperatura e umidade favorável ao seu desenvolvimento.

Campos sujos, com plantas invasoras e arbustos, oferecem um ambiente excelente para o carrapato, levando a altas infestações, em campos com essa característica podemos fazer uma roçada ou utilizar outro método para o rebaixamento dessa vegetação, afetando o desenvolvimento do carrapato. Através do manejo das pastagens e dos animais pode-se modificar o habitat, tornando-o desfavorável e facilitando o controle deste ectoparasita.

Existem algumas técnicas que podem auxiliar no controle do carrapato no ambiente. Geralmente, são pouco praticadas nas propriedades mas tornam-se de grande importância, levando em consideração que interrompem o ciclo de vida, diminuindo a taxa de infestação, além de ter custo relativamente baixo. O diferimento das pastagens é uma das ferramentas que auxilia nesse processo. A retirada de todos animais ou parte deles da área para que a pastagem se fortaleça, aumentando a produção de massa de forragem, impede que o carrapato consiga cumprir seu ciclo, tendo menos ou nenhum hospedeiro dentro da área para que consiga se alimentar. A seleção de animais ou raças mais resistentes também é uma opção viável de controle para regiões onde há infestação. Desta maneira, diminui-se a necessidade do uso de medicamentos e realização de protocolos, bem como diminui a mão de obra para controle.

O uso de ovinos em pastoreio rotativo ou alternado entre bovinos, é um manejo que reduz a infestação nos campos. Para isso, retira-se os bovinos da área infestada e coloca-se ovinos, que por possuírem critério de seleção e forma de apreensão diferentes dos bovinos, irão consumir algumas plantas que servem como “abrigo” ao carrapato.

No Rio Grande do Sul o descanso de 45 a 60 dias das pastagens no período novembro-janeiro traz o benefício da sementação das forrageiras e reduz consideravelmente a infestação por carrapatos, isso por que em altas temperaturas o desgaste energético das larvas é mais rápido e com a morte destas quebra-se o ciclo do carrapato. Outro manejo que traz essa redução da população é quando se tem os campos integrados à lavoura.


O controle dos carrapatos comumente é feito de uma única maneira, onde o produto é aplicado sobre os animais, sem orientação técnica e de maneira apressada. Essa prática unitária é arriscada e pode causar contaminação do ambiente com doses maiores que o necessário, das pessoas e dos produtos de origem animal, e também pode auxiliar numa rápida adaptação e resistência do parasita ao produto. Ainda ocorre que na maioria das vezes esse combate não é eficaz o que trará maiores prejuízos econômicos.

Com isso, a importância de lançar mão de uma ferramenta chamada carrapatograma, que nada mais é que a realização de testes laboratoriais nos carrapatos que se hospedam no seu rebanho, a fim de saber qual o melhor princípio ativo a ser utilizado no controle. Salientando, que o princípio ativo que foi identificado como melhor para utilização na sua propriedade provavelmente não será o mesmo para a propriedade vizinha, levando em consideração que se trata de um histórico de uso de carrapaticidas e cada propriedade terá o seu. O acompanhamento técnico também é uma ferramenta indispensável para a correta leitura do carrapatograma, recomendando assim o produto ou mistura de princípios ativos, dosagem e manejo correto do carrapaticida no rebanho.

O controle estratégico do carrapato é realizado através de um número mínimo de aplicações de produtos, mantendo os níveis de carrapato no rebanho muito baixos, reduzindo custos e aumentado a longevidade dos carrapaticidas. O número e época de aplicação dependem das características de cada região, determinando o número de gerações anuais de carrapatos existentes na região e os períodos de maior ou menor infestação.

É válido ressaltar o cuidado que devemos ter quando compramos animais de outros locais, devendo atentar-se no caso desses animais não terem contato com carrapato, os “não carrapateados”, e a vacinação, esses animais possuem uma resistência menor ao carrapato, podendo levar a morte do animal. Uma prática importante quando se compra animais é fazer um tratamento desses animais na chegada na propriedade e se possível colocar em um piquete onde possam ficar em quarentena, para evitar a disseminação de carrapatos resistentes e até mesmo infectados pelos agentes da Tristeza Parasitária Bovina.


As ferramentas citadas acima, bem como um cronograma de controle estratégico são de imensa importância para não haver resistência dos carrapatos aos carrapaticidas, o que demandaria uma maior mão de obra, alto custo de combate e grandes prejuízos à propriedade. O melhor manejo para o carrapato é a prevenção e um bom controle.


Os carrapatos estão infestando seus rebanhos e o controle está dando muito trabalho e pouco resultado a longo e/ou curto prazo? Entre em contato com a Ecape Jr. que estamos preparados para te ajudar com essa situação que infelizmente acomete inúmeros produtores!


Referências:


https://www.ourofinosaudeanimal.com/ourofinoemcampo/categoria/artigos/carrapato-e-gado-leiteiro/#:~:text=No%20panorama%20brasileiro%2C%20a%20produ%C3%A7%C3%A3o,1.709%20litros%2Fvaca%2Fano.&text=Segundo%20Grisi%20et%20al.%2C%20(,300%20dias%20de%20uma%20vaca






E@D Leite - Curso controle estratégico do carrapato dos bovinos de leite - Embrapa Gado de Leite.





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