Os rebanhos bovinos no Rio Grande do sul tem se mantido estáveis na última década, tendo pequenas variações na quantidade, entre 13 e 14 milhões de cabeças, em sua grande maioria destinada ao corte. Dados de 2018 apontam que 60% do rebanho gaúcho é destinado a essa finalidade.
Estimou-se que em 2017 tínhamos na região sudeste do Rio Grande do Sul, a qual encontramos de 38 a 49 frigoríficos. Em 2017, de acordo com dados da NESPRO, tínhamos 308 frigoríficos no estado, sendo essa concorrência pelos bovinos destinados ao abate, um dos pontos de impacto no preço, pois está relacionada com diretamente com a procura.
Em 2017, 90% dos abates ocorreram em quatro mesorregiões do RS, por estas constituírem grandes centros de consumo, localizarem grandes plantas frigoríficas ou ainda uma maior densidade de frigoríficos com inspeção estadual. Praticamente em todas as mesorregiões, exceto na Nordeste, houve predomínio do abate de vacas, com idade maior que 36 meses.
Demonstrou-se também que do montante de machos abatidos, 70% dos novilhos abatidos possuíam idade inferior a 36 meses, e 50% desses possuíam idade inferior a 24 meses, fato que demonstra a evolução quanto a redução da idade ao abate, que é o que consultores e produtores vem procurando reduzir nos últimos anos. Quanto as fêmeas 25% que foram abatidas tinham idade inferior a 36 meses, dado que nos demonstra que tivemos um excedente de fêmeas, ou maior seleção de fêmeas destinada à reprodução sendo essas não atendendo os requisitos e sendo destinadas ao abate.
Nos últimos anos o peso de animais abatidos se manteve inferior aos 500 kg de peso vivo e 250 kg peso de carcaça. Esses pesos tem se mantido estáveis nos últimos anos embora a idade ao abate tenha diminuído, resultado atribui-se a disponibilidade de alimento e genética dos animais.
É sabido que a Integração-Lavoura-Pecuária é um sistema crescente, e traz inúmeros benefícios para ambas atividades, mas este sistema exerce grande impacto na dinâmica de preço da pecuária, aumentando o preço dos animais destinados à recria na primeira quinzena de abril até a primeira quinzena de junho, onde começa a baixar. No momento de venda dos animais recriados e terminados o preço começa a baixar a partir da primeira quinzena de agosto até a primeira quinzena de outubro.
Essa dinâmica é resultado da procura após a colheita das lavouras, conforme vão sendo colhidas e as pastagens vão se estabelecendo a procura por novilhos e gado de invernada cresce. No momento de venda, o preço está baixo devido a pressão para a liberação das áreas de lavoura, sendo que na nossa região predominam os cultivos de arroz e soja, quando essa área cedida para arroz tem a saída dos animais antecipada se comparada à soja.
É indiscutível a importância de comprarmos e vendermos os animais pelo melhor preço possível, porém na prática esse cenário não é sempre assim. Devemos ter esclarecido que não é lucrativo, do ponto de vista da longevidade do sistema, atrasarmos a entrega das áreas para lavoura para tentar pegar um preço um pouco melhor e entregar essas áreas com pouca palhada prejudicando a outra atividade ou até mesmo o companheiro de negócio. Esse raciocínio se aplica na hora da compra, não sendo viável a antecipação da compra dos animais e consequente entrada dos animais precocemente antes da pastagem estar “dando boca”, pois estaremos comprometendo o desenvolvimento dessa pastagem ao longo do inverno e com isso obtendo menor resultado dos animais.
Mas podemos utilizar algumas estratégias para tentar diminuir os efeitos dessa dinâmica, se possuímos mais áreas dentro de uma propriedade do que as “compartilhadas” com a lavoura podemos remanejar esses animais para áreas de Campo Nativo ou estrategicamente para áreas de campo nativo melhorado com espécies de ciclo mais longo. Desse modo, evita-se a venda dos animais quando o preço está baixo devido a grande oferta e busca-se comprá-los quando os preços ainda estão mais baixos, sendo essa uma das alternativas de sucesso.
O importante é adotarmos a estratégia que melhor nos garantirá sustentabilidade do nosso sistema e sempre priorizar não comprometer a outra atividade que será desenvolvida na mesma área, pois torna-se uma “bola de neve” e trará impacto na atividade novamente.
Fonte: Embrapa.
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