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Momento de colheita para Ovinocultores

Estamos passando por um dos períodos mais belos e delicados do ano, se tratando de rebanhos ovinos: a parição. Nesse período os cordeiros recém-nascidos enfrentam uma enorme adversidade, deixar o ventre materno e encontrar temperaturas próximas de 0°C ou até negativas, como nos últimos dias, com alta umidade e vento, exige rusticidade, por isso nos campos da região sul se tem um dos maiores índices de mortalidade de cordeiros recém-nascidos, com números próximos a 25% de mortalidade. Sendo um dos grandes gargalos da produção ovina.

Existem algumas práticas de manejo simples e de baixo custo que podem dar um alívio para o produtor, vamos conversar um pouco sobre elas e tentar ajudar.


Gerenciamento da produção

Em um primeiro momento, fazer um planejamento estratégico, independente da sua produção, é algo que vai facilitar e ajudar muito na sua maneira de produzir. Não quer dizer que você não pode diversificar e adaptar sua ideia ao longo do caminho, mas irá lhe direcionar ao sucesso. Isso não pode se tornar um “bicho de sete cabeças”, muito pelo contrário, deve ser um momento de se traçar metas e estabelecer parâmetros, ou seja, momento de idealizar sua atividade. De forma bem simples podemos montar um plano de ação, por exemplo com perguntas como: O que fazer? Como fazer? Quando fazer? Quem irá fazer? Oque é preciso ser feito? E não menos importante, onde queremos chegar?

São questões básicas que irão lhe direcionar e facilitar o entendimento da sua produção.

A busca por um profissional capacitado para lhe dar suporte é imprescindível, pois, além de otimizar seu tempo, irá lhe orientar nos detalhes e auxiliar em uma elaboração mais completa do seu projeto. Geralmente a assessoria está ligada ao bom desempenho do produtor, pois diferentes pontos de vista acabam agregando ao sistema produtivo.


Práticas de manejo

Após você ter alinhado o que e como irá produzir, vamos abordar sobre pequenos e fáceis manejos que irão ajudar sua produção.

Existem manejos e medidas prévios a época de parição, como uma boa sanidade do rebanho, datas de cobertura, qualidade na massa de forragem ofertada, entre outros que são importantes para que quando esse período chegue, já estejamos com o rebanho bem alinhado e organizado.


· Escore de Condição Corporal-ECC;

É importante manter o rebanho de matrizes com condições corporais necessárias para bom desempenho materno, indica-se que o ideal seja entre 3- 3,5.


· Tosa Higiênica (30 a 60 dias pré-parto);

Tem-se adotado essa técnica com objetivos de evitar acúmulos de sujidades em torno da região Perineal, do úbere e da face, facilitando para a identificação da mãe pelo cordeiro recém-nascido e prevenindo a ocorrência de enfermidades.

· Esquila Pré-parto;

Esta outra técnica surge como alternativa de continuar com apenas uma esquila anual, não descaracterizando ou desvalorizando o produto lã, alguns estudos apontam benefícios como maiores pesos dos cordeiros nascidos de matrizes esquiladas.

· Piquetes próximos, para facilitar a observação;

Existem algumas técnicas de manejo reprodutivo que auxiliam os produtores no momento de parição, estipulando períodos que provavelmente as matrizes irão parir. Isso é de essencial valia para quem quer acompanhar a parição e prevenir possíveis perdas de cordeiros. Criar piquetes maternidade surge como excelente alternativa para esse empecilho.

· Disponibilizar um local para abrigo das intempéries climáticas;

A construção de um aprisco já exige um nível de tecnologia maior do produtor, mas é uma opção muito boa para regiões onde o clima é fator limitante para produção de cordeiros.


· Observar se a ovelha limpou a cria e se o cordeiro mamou colostro.

Essa ferramenta de observação das parições depende somente da pessoa responsável. Dar uma atenção especial nesse período trará benefícios posteriores para todo sistema.


Sendo ainda mais cuidadoso, podemos analisar a temperatura que o recém-nascido está, casos de cordeiros hipotérmicos (encarangados) são muito comuns, dependente de várias condições como: variações climáticas, idade da mãe, distocia no parto e peso do cordeiro ao nascer. (EMBRAPA 2007). Podemos e devemos interferir caso o cordeiro apresente este quadro (hipotermia), devemos secar e posteriormente aquecer o cordeiro para ajudar ele a recuperar gradualmente sua temperatura corporal. Lembrando a importância da matriz apresentar bom ECC ao longo da gestação, pois matrizes com baixo escore, geralmente os cordeiros são mais leves e apresentam menor quantidade de gordura marrom, essencial para manutenção da temperatura do recém-nascido, portanto, as taxas de mortalidade e crescimento de cordeiros estão fortemente ligado ao peso dos recem-nascidos.


Exigência nutricional de ovelhas paridas

O período que compreende as 3 semanas que antecedem e 3 semanas após a parição é conhecido como período de transição (Grummer, 1995). Esta fase é a mais importante para as ovelhas, não apenas pelas doenças que podem advir durante esta fase, mas por toda a influência que exerce sobre a sobrevivência das crias, a produção do cordeiro e tamanho do cordeiro, bem como no retorno à atividade ovariana. Os principais objetivos nesta fase devem ser: atender as exigências em nutrientes da fêmea, maximizar o consumo de matéria seca, evitar perdas de condição corporal e prevenir doenças.

Em períodos de balanço energético negativo, no qual a matriz não tem sua demanda nutricional suprida, a produção de leite para o cordeiro é mantida pela mobilização de reservas corporais de gordura, por isso acompanhar as ECC (escore de condição corporal) seria um bom indicativo para saber se a matriz está ou não tendo sua necessidade atendida.

Portanto, os sistemas de cria de cordeiros, deveriam se adaptar as épocas de maior disponibilidade de forragem, dando boas condições de cria para matriz e desenvolvimento para o cordeiro.




FONTE:

https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/964927/1/CT592006.pdf

GRUMMER, R.R. Impacto of changes in organic nutrients metabolism on feeding the transition cow. Journal of Animal Science, v.73, p.2820-2833, 1995.

https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/35242/1/AAC-Nutricao-de-cabras-e-ovelhas-no-pre-e-pos-parto.pdf

http://www.geocities.ws/gecoufba/artigos/parto.pdf

https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/46593/Poster_5145.pdf?sequence=2

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