A irrigação da lavoura de arroz está intimamente relacionada ao sistema de cultivo adotado. A adoção de um ou outro sistema irá determinar diferenças na época de início e fim da irrigação, manejo e uso da água e, principalmente, no preparo do solo. Por esta razão, o planejamento da irrigação deve ser feito por ocasião da sistematização da lavoura. A água não só influencia na questão física das plantas, mas também afeta a disponibilidade de nutrientes, a incidência de doenças e pragas, e a população e espécies de plantas daninhas.
A necessidade de enfrentar estiagens, baixa capacidade de retenção de água dos solos e ainda alta demanda evapotranspirativa da atmosfera durante períodos secos, que causam sérios decréscimos na produtividade do arroz, são tarefas de grande importância na produção desta cultura. A irrigação está relacionada à sistemas que necessitam de uma grande demanda de água, necessitando unir a oferta do recurso disponível. No Rio Grande do Sul, caracterizado tipicamente pelo cultivo com marachas em nível, a quantidade de água exigida para o cultivo de arroz é o somatório da água necessária para saturar o solo, formar uma lâmina, compensar a evapotranspiração e repor as perdas por percolação vertical, as perdas laterais e dos canais de irrigação. A irrigação, na grande maioria das lavouras, é pouco planificada, embora se tenha o domínio da água. O irrigante coloca a água no ponto mais alto e a conduz por gravidade, mantendo uma lâmina de água através de taipas construídas com diferença de nível de 5 a 10 cm.
O arroz irrigado, necessita em torno de 2000 L de água para produzir 1 kg de grãos com casca, o manejo da irrigação engloba uma série de etapas, desde a elevação manométrica da água até a drenagem das áreas de cultivo.
Nos sistemas de cultivo, a irrigação é realizada nos sistemas de baixa pressão, por gravidade, na realização do manejo de elevação da coluna de água se utiliza os “levantes”, que tem a função de bombear a água de uma cota menor para uma maior.
Os motores que trabalham nesse processo geralmente são movidos a energia elétrica, com isso o consumo energético é muito alto, agregando um alto custo a produção.
O cultivo de arroz no Rio Grande do Sul é basicamente arroz irrigado, o custo de irrigação ocupa uma parte significante da produção, reconhecendo que a água é um recurso finito, devemos utilizá-la e manejá-la da forma mais eficiente.
A cultura do arroz possui três períodos em que a disponibilidade de água é de extrema importância e influencia diretamente na sua produtividade, são eles: estabelecimento do cultivo; perfilhamento; e no período entre início da diferenciação da panícula (IDP) e enchimento de grãos
O início da submersão do solo pode ocorrer até 30 dias após a emergência das plântulas, quando a planta emitir seu 5º perfilho. Este adiamento no início da inundação do solo deve estar associado a um controle eficiente das plantas daninhas, o que normalmente se verifica, por períodos mais longos, quando são utilizados, na lavoura, herbicidas com ação residual mais prolongada.
Embora o produtor não deva deixar faltar água nas plantas de arroz durante o ciclo completo, há dicas importantes a serem seguidas para a obtenção de bons resultados. A supressão da entrada de água na lavoura, por exemplo, deve ocorrer em torno de 15 dias após o florescimento pleno, quando 80% das plantas estão com flores, pois a água restante na lavoura será suficiente para suprir as necessidades da planta até o enchimento completo dos grãos, sem que isso afete a produtividade.
Marcolin explica que a manutenção de uma lâmina de água na superfície do solo na lavoura de arroz é utilizada para evitar uma nova infestação de plantas daninhas, bem como para termo regular a temperatura da planta nos estádios iniciais de desenvolvimento. Mas é na fase reprodutiva que a adoção de uma lâmina alta, acima de 0,2 metros, é fundamental para amenizar os efeitos do frio sobre a planta, quando essa está com uma maior estatura e mais sensível a baixas temperaturas.
A altura da lâmina de água deve variar entre 7,5 e 10 cm. Lâminas de água mais altas (>10cm), aumentam o consumo de água, reduzem o número de perfilhos, as plantas de arroz se tornam mais altas, o que facilita o acamamento, aumentam as perdas de água por percolação e infiltração lateral e requerem maior consuma de água (> 10 mil m3 ha-1, para um período de 90 dias de irrigação).
Na fase reprodutiva das plantas de arroz, independentemente de sistema de cultivo, a altura da lâmina de água pode ser elevada até 15 cm, por um período de 15 a 20 dias, em regiões onde possam ocorrer temperaturas abaixo de 15°C, agindo a água como um termorregulador.
A rede que viabiliza a retirada da água da lavoura é tão importante quanto a rede de distribuição. Deve ser estabelecida quando da realização da rede de irrigação, ou logo após.
Vendo a necessidade da utilização do recurso mais valioso da terra, medidas são necessárias para a eficiência energética da irrigação.
Nós da ECAPE Jr. podemos auxiliar você produtor, fazendo uma análise e planejamento do uso e eficiência energética do seu sistema de irrigação.
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