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Produção de silagem


A escassez de alimentos e, consequentemente, queda na produção dos animais que dependem apenas das pastagens. Nesses períodos, para compensar a baixa disponibilidade de forragem nas pastagens, o produtor tem que oferecer um suplemento volumoso para que a produção de seu rebanho não seja prejudicada. Dentre as alternativas disponíveis, a mais utilizada é a silagem que consiste em colher, picar, armazenar e conservar, por meio da fermentação anaeróbica, a forrageira produzida durante o verão (OLIVEIRA & VILELA, 2003).

Tradicionalmente o material mais utilizado para ensilagem é a planta de milho, devido sua composição bromatológica preencher os requisitos para confecção de uma boa silagem como: teor de matéria seca (MS) entre 30% a 35%, e no mínimo de 3% de carboidratos solúveis na matéria original, baixo poder tampão e por proporcionar uma boa fermentação microbiana.


Importância da fertilidade para a produção da silagem

A fertilidade do solo é um dos principais fatores responsáveis pela baixa produtividade das lavouras destinadas tanto à produção de grãos quanto de forragem. Esse fato não se deve apenas aos baixos níveis de nutrientes presentes nos solos, mas também ao uso inadequado da calagem e adubação (FRANÇA & COELHO, 2001). É sempre necessário colocar à disposição da planta a quantidade total de nutrientes que ela extrai, os quais devem ser repostos no solo por meio de adubações (FRANÇA & COELHO, 2001).

Problemas de fertilidade do solo se manifestam mais cedo na produção de silagem do que na produção de grãos já que, no caso da silagem, além do grão, a parte vegetativa também é removida, aumentando a extração de nutrientes.


Como fazer uma silagem de milho de boa qualidade?

De acordo com o pesquisador da Embrapa, para que a silagem apresente a melhor qualidade possível é fundamental que todo o processo seja corretamente planejado e executado. Segundo ele, não se deve apenas planejar a colheita, a picagem ou o armazenamento, deve-se pensar e planejar tudo que envolve a produção da silagem.

O pecuarista precisa ter consciência e produzir a lavoura de milho baseada boa qualidade, como se fosse para a produção de grãos mesmo. Uma lavoura de milho de baixa qualidade vai afetar a produtividade da silagem, aumentando o custo final do produto”, explica Pedroso.

Segundo o pesquisador, um dos cuidados que devem ser tomados é a correta definição do ponto de colheita. “O milho deve ser colhido quando a metade superior dos grãos está no ponto farináceo e a metade inferior ainda leitosa”, explica.

Depois de definido o ponto de colheita, o pesquisador explica que o produtor precisa estar atento ao maquinário que ele vai utilizar. “As máquinas devem estar bem reguladas para uma picagem uniforme. O tamanho das partículas deve ser entre 0,5cm e 1cm. Por isso as lâminas devem estar sempre bem amoladas”, explica.

O próximo passo é o enchimento e compactação do silo. Esse processo deve ocorrer da forma mais rápida possível, independentemente do tipo de silo que for utilizado. Além disso, a distribuição da silagem precisa ser constante, bem como a compactação de camadas finas. As camadas de milho picado devem ter no máximo 30 centímetros a 40 centímetros de espessura e todas precisam estar muito bem compactadas.

Portanto, a silagem pode sim ser uma ótima opção de alimentação para o gado, desde que sejam realizadas contas e os processos sejam criteriosamente bem planejados.


Contribuição das porções vegetativas e de grãos na planta

Na produção de silagem de milho ou de sorgo de boa qualidade deve-se considerar não somente o percentual de grãos na massa ensilada, mas também os demais componentes da planta como um todo. Objetiva-se com isso a obtenção de produtos finais de qualidade o que propiciará melhor resposta animal nos diversos sistemas de produção, quer seja de leite ou de carne, bem como sua viabilidade econômica (RENTERO, 1998).

Nesse contexto, NUSSIO e MANZANO (1999) sugerem que em programas de seleção de cultivares de milho para a produção de silagem, os modelos de previsão de qualidade da silagem devem ser estabelecidos com base em dois fatores: percentagem de grãos na massa ensilada (% na MS) e valor nutritivo da porção haste+folhas (% da digestibilidade verdadeira in vitro da MS).


Qualidade da silagem e suas etapas:

A definição de silagem de qualidade sofreu transformações ao longo do tempo. Inicialmente, o enfoque era a produção máxima de volume de massa verde por hectare, como forma de obter um alimento de baixo custo. Na década de 60 e 70, com a evolução do nível genético das vacas, passou-se a buscar a produção de uma silagem com maior teor de grãos. Estudos, na época, demonstravam que os grãos eram mais digestíveis que folhas e colmos. Entretanto, não havia um conhecimento da constituição química dessas silagens.

Nesse sentido, estudos recentes demonstraram que silagens com menores teores de Fibra em Detergente Neutro (FDN), que representa a fração fibrosa do alimento na parte verde da planta, combinada com alta proporção de grãos, resultam em silagem de melhor qualidade. Mais recentemente, em estudos conduzidos em Lavras-MG, foi demonstrado que a constituição do grão de milho influenciava a qualidade da silagem. Neste trabalho, foi demonstrado que híbridos de milho com textura mole têm maior digestibilidade do que os híbridos de milho com textura dura.

Estes novos pensamentos são somatórios, ou seja, a produção de uma silagem de boa qualidade deve ter alta produção de toneladas por hectare, com alta proporção de grãos de textura mole e com baixo teor de Fibra em Detergente Neutro.

A produção de uma silagem de milho de boa qualidade passa por três fases importantes:

  • Plantio e condução agronômica;

  • Colheita e ensilagem;

  • Desensilagem e fornecimento.

Estas três fases são complementares, ou seja, falhas em qualquer uma serão cumulativas na qualidade final do produto.

A escolha da cultivar e o plantio

Para a produção de silagem de milho de boa qualidade, com alto valor nutritivo, outro fator importante é escolha da cultivar. Ela deve ser adaptada à região e ter, além das características normais como resistência a doenças, a acamamento etc., uma boa produção de massa, associada à alta produção de grãos. As plantas de híbridos de ciclo precoce, por serem de menor altura, possibilitam produção de silagem com maior porcentagem de grãos e, consequentemente, de melhor valor nutritivo quando comparadas com os híbridos de ciclo normal (RESENDE, 1997).


Colheita e processo de ensilagem

A colheita para ensilagem é feita quando o teor de matéria seca (MS) das plantas está entre 30 e 35% (máximo de 37%). Nesse teor de umidade a picagem, tanto do colmo como folhas e sabugos, deve ser feita no tamanho recomendado entre 0,8 e 1,5 cm e de maneira mais uniforme, demandando, com isto, afiação das facas uma ou duas vezes por dia. Quando o teor de matéria seca é mais elevado (acima de 37%), o rendimento da ensiladeira tende a ficar menor e, além de exigir maior número de afiações ao longo do dia, o tamanho da picagem aumenta, especialmente no sabugo, e a qualidade do corte fica prejudicada. Essas alterações podem comprometer a compactação além de permitir maior seleção no cocho aumentando as perdas por sobra. Durante a colheita e picagem da lavoura, a ensiladeira descarrega o material em carretas que a acompanham no campo.

A transformação do material verde picado no campo em silagem se dá através da fermentação anaeróbia que ocorre dentro do silo. Para que isso aconteça são necessárias as seguintes condições: ausência de oxigênio, presença de bactérias anaeróbias e presença do substrato para serem utilizados por elas. As técnicas de ensilagem visam facilitar e acelerar a fermentação anaeróbia dentro do silo. A colheita é feita com máquinas denominadas que picam o material colhido em partículas com tamanho entre 1 e 2 cm antes de transportá-lo para o silo. O corte é importante pelo fato de, primeiro facilitar a acomodação do material dentro do silo e, segundo expor os carboidratos solúveis e facilitar a ação dos microrganismos fermentadores. Se o material colhido ficar exposto ao ar servirá de substrato para as bactérias aeróbias e sofrerá fermentações indesejáveis impossibilitando sua preservação. A retirada do oxigênio de dentro do silo é feita através de expulsão usando, para isso compactação constante com tratores à medida que o material picado é colocado dentro do silo. Após o enchimento e compactação o silo deve ser vedado para impedir a entrada de ar. A colocação de lonas plásticas é o método mais recomendado e utilizado. Por cima da lona coloca-se terra e ao redor do silo fazem-se valetas e cercas para impedir a entrada de água e animais, respectivamente (ANDRIGUETTO et al., 1986 citados por PRODUÇÃO...1997).

Baixos valores de pH fazem com que a atividade das bactérias anaeróbias seja reduzida. Dessa maneira, quando o pH da silagem de milho atinge valores entre 3,5 e 4,0 o processo de fermentação naturalmente interrompido, e diz-se que a silagem está estabilizada. Outro fator que pode comprometer a qualidade da fermentação e o valor nutritivo da silagem é o teor de umidade, ou porcentagem de matéria seca (MS), na planta no momento da colheita. Plantas com baixo teor de MS produzem, quando compactadas dentro do silo, grande quantidade de efluente líquido, ou chorume, que carreiam para fora do silo uma grande quantidade de nutrientes de interesse nutricional tanto para as bactérias anaeróbias quanto para os ruminantes que consumirão a silagem. Além disso, o aumento da umidade favorece o crescimento de bactérias anaeróbias indesejáveis que produzem, durante a fermentação, ácido butírico. A presença desse ácido a partir de certo nível compromete o consumo da silagem pelos animais (PRODUÇÃO...1997).

A combinação de baixa umidade e presença de oxigênio possibilita grande atividade respiratória causando elevação da temperatura interna do silo e comprometimento dos nutrientes além de favorecer o aparecimento de fungos e mofos. Uma das reações típicas nessas situações é a de quando, sob temperaturas acima de 65 C, a fração proteica se associa à carboidratos estruturais ficando indisponível para os animais (PICHARD et al., 1990). NUSSIO e MANZANO (1999) relataram que os teores de 30 a 35% são obtidos nas plantas de milho no momento em que a consistência dos grãos estiver variando entre o estádio pastoso e o farináceo duro , o que corresponde à visualização da linha de leite entre 1/3 e 2/3. LAUER (1999) sugeriu que o teor de MS da planta deva ser o critério utilizado para confirmação do ponto ótimo da colheita de planta de milho para a ensilagem, sendo a evolução da linha de leite no grão o principal fator indicador do momento de se iniciar as determinações dos teores de MS da planta inteira.


Tipos de silo

Silos são compartimentos fechados, onde a forrageira picada é armazenada e conservada. Há, basicamente, dois tipos de silos, os horizontais e os verticais. Os silos horizontais mais comuns são os dos tipos trincheira e superfície, podendo, esses últimos, terem ou não proteção lateral. Já os verticais, ou cilíndricos, podem ser do tipo torre, meia encosta ou cisternas (COSTA, 1997). O tipo de silo tem efeito na qualidade do produto final, na porcentagem de perdas que ocorrem durante o processo de ensilagem, nos custos e facilidades para o enchimento e descarregamento. Como têm diferentes custos de construção, a escolha do tipo de silo dependerá principalmente da capacidade de investimento do produtor e de sua disponibilidade de mão-de-obra e maquinário.

A dimensão e capacidade dos silos em uma propriedade devem ser calculadas levando em consideração os seguintes fatores: a demanda de silagem para alimentar o rebanho e a área disponível na propriedade para produzir silagem. A demanda é calculada de acordo com o número de animais que serão alimentados, o período de alimentação e a quantidade fornecida, diariamente para cada animal. Por exemplo, para alimentar 50 vacas em lactação que consomem individualmente 30 kg/dia, durante 6 meses, serão necessárias 270 toneladas de silagem (50 x 30 x 180 = 270 mil kg), (OLIVEIRA & VILELA, 2003).

A capacidade de armazenamento varia em função do tipo de silo. Nos silos verticais podem ser colocados, em média, 700 kg de forragem por cada m³ enquanto nos silos tipo trincheira e de superfície, as quantidades são, em média, 600 e 500 kg por m³.


Problemas mais comuns na produção de silagem de milho

Como já salientado, não será interessante - do ponto de vista econômico e de qualidade - produzir uma silagem se ela apresentar problemas durante sua produção que influenciem negativamente com sua qualidade.

Segundo Pedroso, um dos problemas mais frequentes na produção de silagem de milho está no uso do milho colhido antes da hora.

Nessa situação, ocorre um processo conhecido como fermentação butírica, com um odor forte característico e corrimento de efluentes. As proteínas e energia da silagem se perdem e o animal não consome o alimento como deveria”, explica o pesquisador.

Outro problema comum relatado por Pedroso é a colheita tardia, ou seja, quando o milho apresenta teor de matéria seca muito excessivo. “Nesse caso haverá dificuldade na compactação, e muitas vezes a presença de bolsões de ar. Com isso, pode ocorrer a formação de mofo – visível ou não”, afirma.

Outro indicador desse problema é o aquecimento além do normal da silagem, provocando um processo chamado de “caramelização” do açúcar presente na forragem. Quando isso ocorre, se presencia alteração na cor da massa. “A silagem fica escura e exala um odor agradável, semelhante a chocolate, mas a qualidade é muito ruim”, reforça o pesquisador.


Vale a pena investir em Silagem?

Considerada uma das estratégias mais interessantes para enfrentar a escassez de alimentos a silagem, principalmente a de milho, é adotada por muitos pecuaristas. Mas sempre fica aquela questão: realmente vale a pena investir em silagem para alimentar os animais?

Apesar de suas significativas vantagens na alimentação animal, a silagem é uma das forragens mais caras, além de necessitar de uma produção baseada em um planejamento bastante criterioso, o que, por muitas vezes, pode torná-la não vantajosa.

No meio pecuário a silagem sempre foi uma das melhores opções para garantir uma forragem de boa qualidade nutricional com boa aceitabilidade pelo gado, mantendo bons níveis de produção.

Mas apesar de muito utilizada, a silagem, seja ela de milho, sorgo ou qualquer outro tipo, ainda é uma das forragens mais caras e, por isso, a decisão para a sua produção precisa ser planejada com muito critério.

Além disso nada adianta pensar em produzir uma silagem, considerada cara, se ela apresenta qualidade ruim quando oferecida aos animais.


Os produtores sabem o custo da silagem produzida?

Para que um confinamento seja uma atividade lucrativa, faz-se necessária uma avaliação criteriosa de todos os custos envolvidos, principalmente relativo aos gastos com a alimentação dos animais. Segundo Berduschi, (2002) e Reis et al. (2011), a alimentação constitui um dos principais componentes do custo, ocupando o segundo lugar nos custos totais de produção de um confinamento, atrás apenas da aquisição do boi magro. É fato sabido que na maioria das situações os custos com volumosos são menores em relação aos custos de concentrados, mesmo que o volumoso seja proveniente de silagens. No entanto, o custo de produção de volumosos na forma de silagem pode ser bastante variável, dependendo do sistema de 162 produção e nível de tecnologia aplicado. Reis et al. (2011) destacam que com o avanço das pesquisas na produção de silagem de capim, técnicas como a de emurchecimento associado ao desenvolvimento de inoculastes microbianos e o desenvolvimento de máquinas mais eficientes para colheita, proporcionaram maior eficiência no processo de ensilagem e uma melhor qualidade do produto final, apesar do aumento significativo no custo de produção do volumoso.

Um ponto que pode estar relacionado com esse desconhecimento econômico por parte dos pecuaristas é pelo fato de o processo de produção ser longo, onde o mesmo inicia-se no preparo do solo e plantio, corte, ensilagem e abertura do silo, o que de maneira geral, tem duração de quase 1 ano!


Quais as principais dificuldades para obter esse valor ?

Destacamos como principal, a ausência de uma metodologia padrão à respeito da maneira de forma (base de cálculo) das famosas “planilhas de custo”. Cada fazenda tem um gerenciamento e cada gerenciamento, por sua vez, considera imprescindível, “lançar” no custo determinadas despesas que muitas vezes na são consideradas compatíveis ou relevantes para o levantamento de dados de uma terceira propriedade.

O importante no caso é a segurança e certeza dos dados. Para calcularmos o custo temos que ter o levantamento preciso de todos os INSUMOS gastos e de todo o CUSTO OPERACIONAL, ou seja, os gastos com hora máquina para aplicar os mesmos (insumos) no solo. Posteriormente, temos uma terceira parte referente ao custo de colheita, associado às operações de CORTE, CARREGAMENTO E TRANSPORTE. Tudo isso, somado, geral um custo final que deve ser dividido pelo volume total de silagem produzido.

outro aspecto muito importante e que “mascara” muito o custo de silagens é a falta de critério para o cálculo do custo operacional. É impressionante o número de produtores que calculam o custo sem considerar as despesas de aplicação dos insumos. Nestes casos, obviamente, o custo da silagem se torna muito mais competitivo do que aqueles que trabalham mais com “os pés no chão”.

Assim, fica difícil para o produtor quantificar todos os gastos com esse processo, visto que o mesmo não dedica somente seu tempo a produzir o alimento para seu rebanho. Porém, saber o custo real de produção é de extrema importância.




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